Por: Dr. Rodrigo Brum em 7 de outubro de 2025 • 4 minutos de leitura • Hematologia
A ferritina é um dos principais marcadores laboratoriais utilizados para avaliar as reservas de ferro do organismo. Sua dosagem é rotineiramente solicitada em exames de sangue para investigação de anemias, processos inflamatórios crônicos e doenças que envolvem acúmulo de ferro nos tecidos. No entanto, é comum pacientes se depararem com resultados alterados gerando dúvidas sobre o que isso realmente significa.
Níveis baixos ou elevados de ferritina não devem ser interpretados isoladamente. Eles precisam ser correlacionados com sintomas, histórico clínico e outros exames laboratoriais, como o ferro sérico, a transferrina e a capacidade total de ligação do ferro (TIBC). Neste artigo, explicamos o que é a ferritina, quais valores podem indicar preocupação e quando é importante procurar um hematologista.
A ferritina é uma proteína produzida pelo fígado que armazena ferro e o libera de forma controlada, sendo essencial para a manutenção dos níveis adequados desse mineral no organismo. A maior parte da ferritina está localizada no fígado, na medula óssea, no baço e nos músculos, mas uma pequena fração circula no sangue e pode ser quantificada por exames laboratoriais.
Sua principal função é atuar como um “estoque regulado” de ferro, impedindo tanto a carência quanto o excesso. Isso é importante porque o ferro é essencial para a produção de hemoglobina (proteína que transporta oxigênio), mas seu excesso pode ser tóxico, favorecendo o estresse oxidativo e danos celulares. Os valores normais de ferritina podem variar de acordo com idade, sexo e laboratório e devem ser sempre interpretados por um médico.
A ferritina pode se apresentar alterada em diferentes situações clínicas, por carência por acúmulo de ferro ou por processos inflamatórios. A seguir, veja uma tabela resumo:
Nível de Ferritina | Possíveis causas |
Abaixo de 30 ng/mL | Deficiência de ferro |
Normal (30–200/300) | Estoque adequado (avaliar em conjunto com outros exames) |
Elevada (acima de 300) | Inflamação, infecção, doenças hepáticas, neoplasias, hemocromatose (acúmulo de ferro no organismo) |
Vale destacar que a ferritina é uma proteína de fase aguda, ou seja, seus níveis podem aumentar na presença de inflamações e doenças crônicas, mesmo quando o ferro corporal está baixo. Por isso, a avaliação completa deve sempre incluir outros marcadores do metabolismo do ferro e ser interpretado por um médico.
Importante ressaltar que a causa mais comum de aumento da ferritina em pacientes ambulatoriais é relacionada à fatores ligados à síndrome metabólica (esteatose hepática, sobrepeso/obesidade, hipertensão, dislipidemia, diabetes, aumento do ácido úrico). Fato é que hemocromatose (doença que acumula ferro no organismo) é a exceção, não a regra.
Alterações nos níveis de ferritina, principalmente quando acompanhadas de sintomas como cansaço, palidez, quedas de cabelo, dificuldade de concentração ou dores articulares, devem motivar investigação com o clínico geral. O hematologista é o profissional indicado para avaliar distúrbios da produção de hemoglobina, do metabolismo do ferro e de condições associadas como:
Em especial, valores persistentemente elevados, sem uma causa aparente e com um índice de saturação de transferrina acima de 50% (exame laboratorial complementar de sangue obrigatório e simples de ser realizado) merece uma investigação mais detalhada com o hematologista
Quando a ferritina encontra-se diminuída isto é sempre um indicativo de deficiência de ferro. Nem sempre é necessário um hematologista para realizar o tratamento, muitas vezes ele é realizado pelo médico assistente de origem (Ex: ginecologista, geriatra, clínico geral….). É imprescindível que a causa da deficiência de ferro seja sempre detectada (Ex: fluxo menstrual aumentado, pólipo intestinal, câncer de intestino, úlcera gástrica, hemorróida, criança em fase de crescimento….) e quando possível corrigida, caso contrário a deficiência voltará a ocorrer.
A dosagem de ferritina é uma ferramenta essencial na avaliação das reservas de ferro e no diagnóstico de diversas condições hematológicas e metabólicas. Tanto a queda quanto a elevação deste marcador devem ser interpretadas com cautela, sempre considerando o contexto clínico e os exames complementares.
Se você teve um resultado alterado ou apresenta sintomas sugestivos, não hesite em procurar um médico, podendo este te encaminhar para um hematologista caso julgue necessário. O acompanhamento médico é essencial para identificar a causa do problema e definir a conduta adequada, evitando complicações a médio e longo prazo.
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