Oncohematologia: tratamentos sob medida para cada paciente

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Por: Dr. Rodrigo Brum em 8 de agosto de 2025 5 minutos de leitura Hematologia

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A medicina está vivendo uma revolução silenciosa, mas extremamente poderosa, no campo da personalização dos cuidados. E poucos segmentos ilustram isso tão bem quanto a oncohematologia, área que cuida das neoplasias relacionadas ao sangue, medula óssea e sistema linfático. Trata-se de uma área híbrida entre a hematologia e a oncologia, com foco em doenças como:

  • Leucemias (agudas e crônicas);
  • Linfomas;
  • Mieloma múltiplo;
  • Síndromes mielodisplásicas;
  • Doenças mieloproliferativas crônicas.

Hoje, mais do que tratar um diagnóstico, os profissionais da área têm como missão compreender a fundo a doença, incluindo a parte genética, o  paciente e as possibilidades terapêuticas mais eficazes e seguras para cada caso.

O avanço da genética e da biologia molecular permitiu uma transformação significativa na forma como leucemias, linfomas, mieloma e outras neoplasias hematológicas são tratadas. Protocolos rígidos e generalistas vêm sendo substituídos por abordagens personalizadas, mais eficazes e com menor toxicidade. Isso não apenas melhora as taxas de resposta, mas também oferece maior qualidade de vida durante e após o tratamento.

O perfil genético das células tumorais podem ajudar a identificar alterações específicas que podem impactar o comportamento da doença e a escolha do tratamento. Em leucemias agudas, por exemplo, a presença de mutações em genes como FLT3TP53, presença do BCR/ABL, presença do PML/RARA, cariótipo complexo, entre outras alterações, influenciam diretamente nas decisões terapêuticas Em alguns casos limitando o tratamento ao uso de terapia alvo, sem quimioterapia, em outros casos intensificando as terapias, incluindo o encaminhamento para transplante de medula.

Em algumas situações as alterações encontradas podem não modificar imediatamente o tratamento mas trazem informações importantes sobre o prognóstico, chance de resposta e planejamento para intervenções futuras. 

Além disso, marcadores prognósticos como a doença residual mínima (DRM), avaliada por métodos altamente sensíveis, permitem monitorar a resposta ao tratamento e antecipar recaídas, ajustando o plano terapêutico de forma precoce e mais precisa.

Opções de tratamento personalizado

Com base nesse diagnóstico detalhado, o médico oncohematologista pode indicar uma ou mais linhas terapêuticas que estejam de acordo com o perfil da doença e as condições clínicas do paciente. A seguir, conheça as principais opções disponíveis.

Terapia alvo-direcionada

A terapia-alvo consiste em medicamentos desenvolvidos para atuar em alvos  específicos das células. Diferente da quimioterapia tradicional, esses fármacos não afetam todas as células em divisão, mas focam em alvos  mais precisos, como receptores ou proteínas.

Um dos exemplos mais icônicos é o uso de inibidores de tirosina quinase, como o imatinibe, em pacientes com leucemia mieloide crônica (LMC), que revolucionou o tratamento ao transformar uma doença grave em condição crônica controlável ou até mesmo curável em alguns casos. Inúmeros são os alvos reconhecidos atualmente, alguns ainda com medicamentos em estudo e sem aprovação no Brasil, outros já amplamente disponíveis e utilizados. 

 Imunoterapia

A imunoterapia é qualquer forma de tratamento que busque recuperar a capacidade do sistema imunológico em controlar ou mesmo destruir as células cancerígenas. Vem ganhando cada vez mais espaço na oncologia em geral. . Oss principais exemplos são:

  • Terapia com células CAR-T; 
  • Anticorpos biespecíficos;
  • Inibidores de chekpoints e outros anticorpos monoclonais;
  • Imunomoduladores.

Quimioterapia adaptada

Embora a quimioterapia convencional ainda seja uma base importante do tratamento, hoje ela pode ser adaptada ao perfil do paciente e da doença. Isso significa ajustar doses, intervalos, combinações e até sequências de acordo com:

  • Idade;
  • Comorbidades;
  • Resposta ao tratamento inicial;
  • Fragilidade clínica;
  • Risco citogenético.

Esse ajuste individualizado melhora a tolerância, reduz efeitos colaterais e aumenta as chances de sucesso terapêutico.

Transplante de células-tronco hematopoéticas

O transplante de medula óssea, ou de células-tronco hematopoéticas, ainda é indicado em muitas situações mas não em todos os casos. . Ele pode ser de dois tipos:

  • Autólogo:utiliza as próprias células-tronco hematopoiéticas do paciente,;
  • Alogênico: utiliza células de um doador compatível.

Monitoramento pós-tratamento

Concluir o tratamento não significa que o cuidado chegou ao fim. O acompanhamento pós-tratamento é essencial para garantir a detecção precoce de recidivas, monitorar efeitos colaterais a longo prazo e avaliar a reconstituição imunológica.

Algumas estratégias de monitoramento incluem:

  • Hemogramas e exames laboratoriais periódicos;
  • Avaliação da doença residual mínima (DRM)
  • Monitoramento por imagem ;
  • Reforço vacinal e cuidados com infecções oportunistas.

A adesão a esse plano é parte fundamental da jornada de recuperação, contribuindo para o controle da doença e para a qualidade de vida do paciente.

Conclusão

A oncohematologia é um dos exemplos de grande avanço da medicina moderna. Ao integrar conhecimento científico, tecnologia de ponta e uma abordagem centrada no paciente, essa área de atuação permite oferecer muitos tratamentos verdadeiramente sob medida. Cada diagnóstico deixa de ser apenas uma classificação clínica e passa a ser um ponto de partida para decisões mais inteligentes, seguras e humanas. Se você ou alguém próximo está enfrentando uma doença hematológica maligna, não deixe de procurar um profissional bem capacitado. 

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