Leucemia Linfocítica Crônica: entenda o que é a LLC

Avatar Dr. Rodrigo Brum

Por: Dr. Rodrigo Brum em 30 de julho de 2025 6 minutos de leitura Hematologia

Imagem Destacada do Post

A Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) é a doença neoplásica mais comum em adultos e caracteriza-se por um acúmulo lento de linfócitos B anormais no sangue, medula óssea e linfonodos. Apesar de ter o nome de leucemia, seu comportamento é bastante diferente da maioria das “leucemias” popularmente conhecidas. É uma doença considerada crônica e que não necessariamente exige tratamento ao diagnóstico.

Com os avanços na medicina personalizada e na compreensão molecular da doença, o manejo da LLC passou por uma transformação significativa. Hoje, os tratamentos modernos não apenas oferecem maior controle da progressão da doença, como também possibilitam regimes menos tóxicos e, em muitos casos, com melhor qualidade de vida para o paciente.

Neste artigo, você entenderá o que é a Leucemia Linfocítica Crônica, seus principais sinais e sintomas, como é feito o diagnóstico e quais são as terapias mais atuais utilizadas no tratamento, com foco nas terapias-alvo e imunoterapias de última geração.

O que é Leucemia Linfocítica Crônica?

A Leucemia Linfocítica Crônica é uma neoplasia de origem nos linfócitos B, um tipo de célula do sistema imunológico. Esses linfócitos passam a se multiplicar de forma anormal e se acumulam no sangue, medula óssea e gânglios linfáticos, prejudicando a função normal do sistema hematopoético.

Diferente das leucemias agudas, a LLC evolui de forma mais lenta e, em muitos casos, pode ser diagnosticada de maneira incidental, durante exames de rotina. A maioria dos pacientes é diagnosticada após os 70 anos, sendo rara em indivíduos com menos de 40 anos. Embora incurável, a LLC pode ser controlada por muitos anos, e grande parte dos pacientes vive longos períodos sem apresentar sintomas relevantes.

Sintomas e sinais de alerta

Nos estágios iniciais, a LLC costuma ser assintomática. Porém, à medida que a doença progride, alguns sinais e sintomas podem surgir, relacionados ao acúmulo dos linfócitos anormais e à disfunção da medula óssea.

Principais sintomas da LLC:

  • Aumento de linfonodos (ínguas no pescoço, axilas ou virilhas);
  • Fadiga persistente, não justificada por outra causa;
  • Infecções recorrentes, devido à imunossupressão;
  • Sudorese noturna e episódios de febre sem causa aparente;
  • Perda de peso involuntária;
  • Sensação de plenitude abdominal por aumento do baço.

É importante lembrar que esses sintomas são inespecíficos e podem ocorrer em outras condições clínicas. Por isso, a confirmação diagnóstica é sempre feita por exames laboratoriais específicos e avaliação médica especializada.

Como é realizado o diagnóstico?

O diagnóstico da Leucemia Linfocítica Crônica é realizado, na maioria das vezes, por meio de exames laboratoriais específicos (ex: imunofenotipagem), que mostra um número elevado de linfócitos anormais. Exames de medula óssea não são obrigatórios e podem ser realizados em alguns casos.

Indicações de tratamento

Nem todos os pacientes diagnosticados com LLC precisam iniciar tratamento imediato. Em casos assintomáticos e com baixa carga tumoral, adota-se a estratégia de watch and wait (observar e aguardar). 

Estima-se que cerca de um terço dos pacientes jamais precisará tratar a doença, vivendo anos apenas com acompanhamento clínico regular. No entanto, para os casos em que há sinais de progressão ou impacto funcional, o tratamento é indicado para prevenir complicações e preservar a qualidade de vida. As principais indicações para início da terapia incluem:

  • Falência medular: evidenciada por anemia (hemoglobina <10 g/dL) e/ou queda nas plaquetas (<100.000/μL) sem outra causa que justifique;
  • Esplenomegalia significativa: aumento do baço superior a 6 cm, especialmente quando há progressão contínua ou sintomas associados;
  • Linfadenomegalias volumosas: gânglios aumentados acima de 10 cm ou em crescimento progressivo, com dor ou desconforto local;
  • Linfocitose acentuada e progressiva: elevação rápida do número de linfócitos no sangue, a ser avaliada individualmente pelo especialista;
  • Complicações autoimunes refratárias: como anemia hemolítica ou púrpura trombocitopênica que não respondem ao uso de corticoides;
  • Infiltração de órgãos com comprometimento funcional: como envolvimento pulmonar, renal ou cutâneo, que gere sintomas clínicos relevantes;
  • Sintomas relacionados à doença:
    • Perda de peso involuntária superior a 10% nos últimos 6 meses;
    • Fadiga impactante na rotina diária;
    • Febre persistente sem infecção documentada;
    • Sudorese noturna intensa e sem causa identificada.

Como é o tratamento da LLC? Tem cura?

A Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) é considerada uma doença controlável, mas não curável. Isso significa que, embora não exista atualmente um tratamento definitivo que elimine a doença, é possível manter o controle da doença por longos períodos com terapias eficazes e acompanhamento adequado.

Com os avanços da medicina nos últimos anos, o tratamento da LLC passou por uma transformação significativa. A maioria dos pacientes não precisa iniciar terapia imediatamente após o diagnóstico, muitos permanecem assintomáticos por anos e são apenas monitorados. Quando o tratamento se faz necessário, a abordagem atual prioriza medicamentos mais modernos e menos tóxicos.

O uso de quimioterapia convencional tem se tornado cada vez mais restrito, sendo mais comum em contextos onde o acesso a terapias-alvo é limitado, como no Sistema Único de Saúde (SUS). Já nos sistemas de saúde suplementar, os planos de saúde costumam cobrir as terapias mais recentes, que incluem: drogas alvos (ex: ibrutinibe,

acalabrutinibe, zanubrutinibe, venetoclax…) e imunoterapia (Ex: obinutuzumab, rituximab), podendo estas estarem em combinação ou em monoterapia. 

Basicamente, no momento, podemos dividir as modalidades de terapias em finitas (tempo definido) e terapias contínuas. O melhor tratamento depende de fatores individuais como alterações genéticas (ex: presença de del 17p e/ou mutação do p53, status mutacional do IgVH), comorbidades (presença de outras doenças associadas), idade, acesso e preferências pessoais.

Conclusão

A Leucemia Linfocítica Crônica é uma condição que, apesar de não ter cura definitiva, pode ser controlada de forma eficaz por muitos anos. O diagnóstico precoce, aliado a uma avaliaçãodetalhada, permite definir estratégias terapêuticas personalizadas, com opções que vão desde a simples observação até regimes modernos com terapias-alvo e imunoterapias.

Se você recebeu o diagnóstico de LLC ou está em investigação, converse com um hematologista especializado. Avaliar seu caso de forma individualizada, com base nos critérios clínicos e laboratoriais mais atualizados, é essencial para definir a melhor conduta.

Posts relacionados

Oncohematologia: tratamentos sob medida para cada paciente

Conheça as principais abordagens de oncohematologia para tratamentos sob medida, de imunoterapia a transplantes, e saiba como elas elevam as...
Continue lendo

Leucemia Linfocítica Crônica: entenda o que é a LLC

Saiba tudo sobre Leucemia Linfocítica Crônica (LLC): definição, exames, indicações de tratamento com terapias-alvo e avanços recentes. Agende sua consulta...
Continue lendo

Mieloma Múltiplo: diagnóstico, sintomas e tratamentos avançados

Entenda o mieloma múltiplo: definição, sintomas, exames essenciais e terapias inovadoras como CAR-T e anticorpos biespecíficos. Leia e agende sua...
Continue lendo

Quando procurar um hematologista? 7 sinais que você não deve ignorar

Descubra os 7 sintomas que indicam a necessidade de avaliação hematológica e saiba como agir frente a fadiga, sangramentos e...
Continue lendo

São aceitos convênios médicos. Entre em contato para saber mais.

Locais de atendimento

Setor Marista

Hospital Albert Einstein

Av. Portugal, n.º 1148, Ed. Órion. Goiânia – Goiás

Agendar
Setor Sul

INGOH

Rua 87, n.º 598. Goiânia – Goiás

Agendar
Agendar consulta