6 mitos de diagnósticos que precisam se consultar com hematologista

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Por: Dr. Rodrigo Brum em 10 de setembro de 2025 8 minutos de leitura Hematologia

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Nem toda alteração no exame de sangue exige uma consulta com o hematologista, assim como nem toda mancha roxa é indicativo de uma doença grave do sangue. Ainda assim, mitos e desinformações fazem com que muitas pessoas fiquem em dúvida sobre quando buscar esse especialista.

O hematologista é o médico responsável por diagnosticar e tratar doenças relacionadas ao sangue, como anemias, mieloma, leucemias, linfomas, distúrbios de coagulação e alterações nos linfonodos, hemáceas, leucócitos e/ou plaquetas. Mas há muitas confusões sobre quando ele deve ser procurado, então vamos esclarecer as principais dúvidas e desmistificar ideias para gerar maior clareza.

Entenda o papel do hematologista

O hematologista é o médico especialista nas doenças do sangue, medula óssea e sistema linfático. Sua atuação é fundamental quando há alterações importantes no hemograma ou quando o paciente apresenta sinais clínicos que indicam uma possível disfunção hematológica.

Entre os quadros mais comuns acompanhados por esse especialista estão:

  • Anemias ;
  • Leucemias e linfomas;
  • Mieloma;
  • Citopenias (diminuição de células do sangue: hemáceas/hemoglobina, leucócitos e/ou plaquetas);
  • Aumento de células do sangue (como aumento das hemáceas: policitemia, ou plaquetas: trombocitemia ou leucócitos: leucocitose) 
  • Distúrbios de coagulação (como púrpura ou hemofilia);
  • Síndromes mielodisplásicas;
  • Doenças raras do sangue.

Apesar disso, muitas pessoas acreditam que qualquer alteração simples em s exames diversos ou sintomas inespecíficos justificam procurar o especialista. A seguir, vamos abordar os 6 mitos mais comuns, e te explicar por que eles nem sempre são verdade.

Mito 1 – “Exame de sangue precisa ser consultado com hematologista”

Esse é um dos mitos mais comuns, pois alterações isoladas no hemograma ou em outros exames laboratoriais não significam necessariamente a necessidade de passar por um hematologista.

Na prática, a maioria dessas alterações é avaliada inicialmente pelo médico da atenção primária (clínico geral) ou por um especialista da área de interesse (como um ginecologista ou endocrinologista). 

O encaminhamento ao hematologista deve ocorrer quando há alterações que não são justificadas pelo quadro clínico vigente (ex: infecção) e sempre que o médico assistente sugerir a avaliação.

Mito 2 – “Se tenho manchas roxas no corpo deve ser um sintoma de doença hematológica”

Manchas roxas ou hematomas podem estar relacionadas a doenças hematológicas, especialmente se forem frequentes, sem causa aparente ou vierem acompanhadas de sangramentos ou outros sinais e sintomas.

Por outro lado, na maioria dos casos esses sinais estão relacionados a traumas leves (nem sempre identificados), uso de medicamentos (como AAS) ou até fragilidade capilar da pele, especialmente em pessoas mais velhas ou em uso crônico de medicamentos como corticóide. Portanto, o primeiro passo é sempre buscar uma avaliação clínica geral, que pode ou não indicar a necessidade de uma investigação mais aprofundada com hematologista.

Mito 3 – “Hematologista é o mesmo que oncologista”

Essa confusão é comum porque alguns hematologistas também atuam como especialistas em oncohematologia, que é a área que trata dos cânceres do sangue, como leucemias, linfomas e mieloma múltiplo. O oncologista, de forma geral, cuida de cânceres não relacionados ao sangue como pulmão, mama, intestino, entre outros.

No entanto, nem todo hematologista atua na área da oncohematologia, e a minoria dos oncologistas tratam doenças hematológicas. O hematologista trata uma ampla gama de condições, muitas delas benignas, como anemias carenciais ou alterações na medula não relacionadas ao câncer.

A distinção entre as especialidades é importante, principalmente na hora de procurar atendimento qualificado.

Mito 4 – “Anemia se trata só com alimentação”

Existem dezenas de causas diferentes de anemia. A mais comum em todo o mundo é a anemia por deficiência de ferro. Nesses casos, o tratamento correto é a reposição direta do ferro, em comprimidos, solução oral ou, em algumas situações, por via endovenosa.

A alimentação saudável deve ser mantida sempre, independentemente da presença de anemia. No entanto, ela não substitui o tratamento.
É comum, na cultura popular, recomendar alimentos como fígado, caldo de cana, beterraba ou espinafre para “curar” a anemia. Embora possam fazer parte de uma dieta equilibrada, não fornecem ferro suficiente na forma adequada para corrigir a deficiência.

Além disso, muitos desses alimentos também têm aspectos pouco saudáveis:

  • Caldo de cana: contém grande quantidade de açúcar, podendo contribuir para ganho de peso e problemas metabólicos se consumido em excesso.
  • Fígado: é rico em colesterol e gorduras, podendo ser inadequado para consumo frequente em pessoas com certas condições de saúde.

Ou seja: eles não tratam a anemia e, usados de forma indiscriminada, podem até prejudicar a saúde.

A principal causa de deficiência de ferro em adultos não é a alimentação pobre em ferro, mas sim as perdas de sangue — principalmente menstruações aumentadas e sangramentos gastrointestinais (como hemorróidas, pólipos, úlceras ou tumores de intestino).

Outras causas de anemia também incluem:

  • doenças autoimunes;
  • alterações diversas  na medula óssea;
  • deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico;
  • doenças hereditárias (como talassemia e anemia falciforme).

A anemia tem muitas causas possíveis, por isso o passo essencial é investigar para descobrir a origem; esse é exatamente o papel do hematologista.  Somente com o diagnóstico correto é possível indicar o tratamento adequado para cada situação.  

Lembre-se: alimentação saudável é fundamental para todos, mas não substitui o tratamento da anemia e alguns “remédios caseiros” populares podem até trazer riscos quando usados em excesso.

Mito 5 – “Tenho que fazer meus exames preventivos com um hematologista, consulta de check-up ou pesquisa de deficiência de vitaminas”

A consulta preventiva com hematologista não é necessária para todas as pessoas. A maioria dos exames preventivos de rotina deve ser acompanhada pelo clínico geral ou por especialistas de acordo com o histórico familiar e fatores de risco, como ginecologista, cardiologista ou urologista.

É importante entender que o hematologista não é o especialista para toda e qualquer queixa relacionada a exames de sangue. Por exemplo:

  • Pesquisas de deficiências de vitaminas, hormônios ou alterações metabólicas geralmente são acompanhadas por clínico geral, endocrinologista, gastroenterologista, cardiologista e etc;
  • Exames preventivos de rotina, como colesterol, glicemia ou check-up anual, não exigem consulta com o hematologista, a menos que haja uma alteração específica ligada ao sangue.

O hematologista deve ser procurado quando existem:

  • Alterações persistentes no hemograma ou outro exame específico (ex: gamopatia monoclonal);
  • Sintomas sugestivos de doenças hematológicas, como sangramentos frequentes, manchas roxas sem explicação, cansaço intenso ou aumento dos gânglios;
  • Histórico familiar de doenças do sangue;
  • Diagnóstico prévio de doenças hematológicas, quando é preciso acompanhamento especializado.

Mito 6: Furúnculos de repetição, quem procurar?

Furúnculos de repetição, aquelas infecções de pele que aparecem de forma recorrente, não são avaliados pelo hematologista.
Esses casos normalmente devem ser acompanhados por:

  • Clínico geral ou médico de família, que fará a avaliação inicial;
  • Dermatologista, que é o especialista em pele;
  • Infectologista, em situações mais complexas ou com suspeita de alterações na imunidade.

Se você apresenta furúnculos frequentes, pode ser necessário investigar problemas de pele, hábitos de higiene, resistência bacteriana, entre outras coisas.  Geralmente não há nenhuma correlação com doença hematológica. 

Quando procurar um especialista em Goiânia?

Se você está em Goiânia e apresenta sintomas como cansaço inexplicável, sangramentos frequentes, palidez intensa, linfonodos aumentados (“ínguas”), febre prolongada ou alterações persistentes nos exames de sangue, é indicado procurar um hematologista para uma avaliação.

O mesmo vale para quem recebeu encaminhamento de outro profissional de saúde após investigação inicial. Quanto antes houver o diagnóstico correto, maiores são as chances de um tratamento eficaz e uma condução segura do quadro clínico.

Conclusão

Muitos pacientes ainda têm dúvidas ou crenças equivocadas sobre quando e por que marcar uma consulta com um hematologista. Esclarecer esses mitos é essencial para evitar atrasos no diagnóstico de doenças importantes e para otimizar o acesso aos especialistas quando realmente for necessário.

Se você está com sintomas persistentes, alterações nos exames ou histórico familiar de doenças hematológicas, agende sua avaliação conosco. Aqui, você encontra cuidado, informação e acolhimento.

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